quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ambicioso, Mas Nem Tanto

Após quatro anos sem lançar um disco, o The Killers de Brandon Flowers quer o público de volta – mesmo que não seja para vender milhões

Ambicioso, Mas Nem Tanto
JIMMY FONTAINE/EYEVINE/ZUMA PRESS/GLOW IMAGES Veja a galeria completa

por Bruna Veloso
Em dez anos, o rosto de Brandon Flowers quase não se alterou. Talvez esteja um pouco mais fino, com a barba milimetricamente por fazer, mas não há rugas. Durante o tempo em que comanda o The Killers, no entanto, muito mudou na vida do artista. Ele se casou; teve três filhos; perdeu a mãe, vítima de câncer. As responsabilidades não interferem no semblante do rapaz, que aos 31 anos canta em uma das bandas mais bem-sucedidas dos anos 2000, além de ter se aventurado em um disco solo, Flamingo (2010). Este, no entanto, não chegou nem perto do sucesso do grupo, que agora, quatro anos depois de Day & Age (2008), lança Battle Born, o quarto álbum da carreira.
“Queríamos ser o nosso melhor, pegando coisas que fizemos bem em cada um dos outros trabalhos”, define Flowers, sentado no pequeno estúdio do grupo em Las Vegas, escondido em meio a uma espécie de conjunto comercial. Talvez poucos no entorno se deem conta de que naquele mesmo espaço uma banda, ao lado de produtores badalados – Daniel Lanois, Steve Lillywhite, Stuart Price, Brendan O’ Brien e Damian Taylor –, preparou um disco de rock nos últimos meses.
Enquanto o mormaço da desértica cidade norte-americana envolve tudo do lado de fora, Flowers e Mark Stoermer, o franzino e quase sempre silencioso baixista do Killers, bebem água no estúdio, que mantém-se gelado apesar das paredes cobertas por carpetes vermelhos. Ainda que seja simpático (“Pena que o Elton John cancelou o show que faria hoje, poderíamos arrumar ingressos para você”, ele comenta, ao dar dicas sobre a vida noturna de Vegas), Flowers não consegue se sentir à vontade em entrevistas. Stoermer, por sua vez, está longe de aparentar extroversão, e fala baixo – quando fala. Ainda assim, nesta conversa, o vocalista, com alguma ajuda do companheiro, tentou analisar os dez anos de carreira do quarteto, o caminho percorrido e o que os faz seguir em frente.
O Killers teve três álbuns de sucesso, mas jamais houve um período de quatro anos entre um e outro.

Mark Stoermer: A gente espera que esse fato possa funcionar a nosso favor, que talvez o público esteja pronto para ele. E isso também pode gerar um entusiasmo, pelo fato de fazer um tempo [que não lançamos nada].
Brandon Flowers: Às vezes as pessoas ficam enjoadas de uma banda. Então talvez essa pausa tenha sido boa para todos nós. Como foi a primeira reunião para discutir o novo álbum?

Foi difícil no começo. Nos primeiros dias, lembro que houve um pouco de luta para voltarmos ao ritmo. Mas nós o encontramos. Todos vocês trabalharam em projetos paralelos. Qual a importância deles para a manutenção da saúde do Killers?

Não sei... acho que todos aprendemos coisas ao fazer nossos próprios discos. Dave [Keuning, guitarrista] não fez. Nenhum de nós tinha uma necessidade de fazer algo próprio, foi só um outro passo. Você consegue trabalhar com outras pessoas, e isso não é necessariamente uma coisa ruim. E provavelmente todos tinham algo a acrescentar quando nos reunimos. Na hora de compor, você consegue enxergar quando um verso ou um refrão vai realmente tocar as pessoas?

Algumas pessoas enxergam e outras não, mas eu sempre acho que sim. Se você pergunta a pessoas como o Elton John: “Você sabia que ‘Mona Lisas and Mad Hatters’ seria tão bonita?” Ele diz que não tinha ideia, que só fez e lançou. Mas sinto que temos um bom entendimento, de que aquilo em que todos concordamos é forte. E eu tenho versos que acho que vão afetar as pessoas ou tocá-las. E nesse álbum qual verso vem à sua mente nesse sentido?

[Risos] Eu não sei... [Pausa] Não deveria dizer.

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